Desastres Climáticos e Ambientais no Brasil: Uma Análise detalhada dos dados (1991-2023)
POR ANDREW LEAL & WALESKA QUEIROZ
4 DE OUTUBRO DE 2024
Desastres Climáticos e Ambientais no Brasil: Uma Análise detalhada dos dados (1991-2023)
POR ANDREW LEAL & WALESKA QUEIROZ
4 DE OUTUBRO DE 2024
Os desastres climáticos e ambientais no Brasil têm apresentado aumento significativo tanto em frequência quanto em intensidade ao longo das últimas três décadas. Este cenário reforça a necessidade de políticas públicas robustas e direcionadas para mitigação, adaptação e preparação, com especial atenção às comunidades vulneráveis. Esta análise detalhada utiliza dados extraídos do Banco de Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), gerenciado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), e sistematizados pelo Observatório das Baixadas. As informações oferecem um panorama claro da magnitude dos desafios enfrentados pelo país e servem como base para proposição de soluções embasadas em evidências.
A Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) categoriza os desastres em quatro grandes grupos: geológicos, climatológicos, hidrológicos e meteorológicos. Dentro desses grupos, eventos como secas, enchentes, chuvas intensas, erosão, tornados e incêndios florestais configuram as tipologias mais comuns. Entre 1991 e 2023, os dados revelam que estiagens e secas foram responsáveis por 45,67% dos registros, configurando o tipo de desastre mais prevalente no Brasil. Em segundo lugar, destacam-se chuvas intensas, enxurradas e inundações, que somam 33,47% das ocorrências. Já eventos como ciclones, vendavais e movimentos de massa, embora menos frequentes, continuam sendo importantes no contexto geral, devido ao impacto localizado e à severidade que podem ocasionar.
Os gráficos de evolução temporal demonstram uma tendência marcante de aumento nos registros de desastres, especialmente a partir da década de 2010. Antes de 2005, as ocorrências eram relativamente baixas, com médias anuais constantes. Entretanto, a partir de 2010, observa-se uma elevação abrupta e sustentada, atingindo picos expressivos na última década. Chuvas intensas lideram este crescimento, enquanto secas e estiagens, que já apresentavam picos nas décadas anteriores, continuam a ser registradas com alta frequência. Este aumento não é apenas resultado de mudanças climáticas globais, mas também do agravamento de condições locais como desmatamento, urbanização desordenada e ocupação de áreas de risco.
Os desastres climáticos e ambientais no Brasil têm apresentado aumento significativo tanto em frequência quanto em intensidade ao longo das últimas três décadas. Este cenário reforça a necessidade de políticas públicas robustas e direcionadas para mitigação, adaptação e preparação, com especial atenção às comunidades vulneráveis. Esta análise detalhada utiliza dados extraídos do Banco de Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), gerenciado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), e sistematizados pelo Observatório das Baixadas. As informações oferecem um panorama claro da magnitude dos desafios enfrentados pelo país e servem como base para proposição de soluções embasadas em evidências.
A Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) categoriza os desastres em quatro grandes grupos: geológicos, climatológicos, hidrológicos e meteorológicos. Dentro desses grupos, eventos como secas, enchentes, chuvas intensas, erosão, tornados e incêndios florestais configuram as tipologias mais comuns. Entre 1991 e 2023, os dados revelam que estiagens e secas foram responsáveis por 45,67% dos registros, configurando o tipo de desastre mais prevalente no Brasil. Em segundo lugar, destacam-se chuvas intensas, enxurradas e inundações, que somam 33,47% das ocorrências. Já eventos como ciclones, vendavais e movimentos de massa, embora menos frequentes, continuam sendo importantes no contexto geral, devido ao impacto localizado e à severidade que podem ocasionar.
Os gráficos de evolução temporal demonstram uma tendência marcante de aumento nos registros de desastres, especialmente a partir da década de 2010. Antes de 2005, as ocorrências eram relativamente baixas, com médias anuais constantes. Entretanto, a partir de 2010, observa-se uma elevação abrupta e sustentada, atingindo picos expressivos na última década. Chuvas intensas lideram este crescimento, enquanto secas e estiagens, que já apresentavam picos nas décadas anteriores, continuam a ser registradas com alta frequência. Este aumento não é apenas resultado de mudanças climáticas globais, mas também do agravamento de condições locais como desmatamento, urbanização desordenada e ocupação de áreas de risco.
O gráfico que analisa o número de pessoas afetadas revela um aumento drástico na quantidade de indivíduos impactados por desastres ao longo do tempo. Até 2005, os números eram relativamente baixos, mas cresceram exponencialmente a partir deste ponto. Em 2023, o Brasil registrou o maior número de pessoas afetadas em toda a série histórica: 23 milhões de indivíduos. Este aumento reflete tanto a intensificação dos desastres quanto a vulnerabilidade crescente de áreas habitadas, especialmente em comunidades de baixa renda que carecem de infraestrutura adequada para enfrentar tais eventos.
As comunidades mais afetadas pelos desastres estão concentradas em áreas com infraestrutura precária e alta vulnerabilidade, como as regiões de Baixadas. Mapas e dados apresentados destacam que municípios localizados na Amazônia Legal, no Nordeste e em outras regiões historicamente negligenciadas apresentam os maiores índices de risco e vulnerabilidade a desastres hidrológicos. A análise do índice de risco climático do MCTI aponta que até 2050, 30,82% dos municípios brasileiros estarão classificados como de risco “muito alto” ou “alto” para eventos hidrológicos como inundações e enchentes. Além disso, o Mapa 3 ilustra a concentração de ameaças geo-hidrológicas em estados como Pará, Maranhão e Amazonas, regiões com alta densidade de populações vulneráveis
Os gráficos e mapas relacionados às emissões de CO₂ revelam que o Brasil é um dos maiores emissores globais por mudanças no uso da terra, principalmente devido ao desmatamento e às queimadas associadas à expansão agrícola e à pecuária. Em 2023, o país continuava liderando as emissões per capita relacionadas a mudanças no uso do solo, superando significativamente outros países. A seca severa de 2023/2024, considerada uma das mais graves da história recente, intensificou queimadas e degradação ambiental, exacerbando ainda mais o problema. Tais ações colocam o Brasil em uma posição crítica no cenário global, com impacto direto na sua capacidade de cumprir metas climáticas internacionais
O gráfico que lista os municípios com maior número de registros de desastres revela que Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Belém (PA), Cuiabá (MT) e Florianópolis (SC) estão entre os mais impactados. Dentre essas cidades, destaca-se Belém do Pará, futura sede da COP 30 em 2025, como um exemplo emblemático de vulnerabilidade climática. Localizada em uma região com características hidrológicas marcantes, Belém enfrenta frequentemente eventos como enchentes e alagamentos devido à combinação de chuvas intensas, marés altas e infraestrutura inadequada para drenagem. A cidade, inserida na Amazônia, é também diretamente afetada pelo desmatamento e pela degradação ambiental em seu entorno. Ser a sede da COP 30 coloca Belém no centro das discussões globais sobre mudanças climáticas, oferecendo uma oportunidade única para impulsionar políticas que abordem os desafios ambientais e sociais enfrentados pela região.
Municípios como Oriximiná (PA) e Coronel Sapucaia (MS), menos conhecidos no cenário nacional, também aparecem com destaque, evidenciando a ampla dispersão dos impactos. Esses registros reforçam a necessidade de ações descentralizadas que atendam não apenas grandes capitais, mas também cidades menores com desafios específico
Uma análise mais detalhada dos dez municípios mais afetados mostra que desastres hidrológicos relacionados à movimentação das águas e dos solos, características de eventos recorrentes nas baixadas brasileiras, como chuvas intensas e inundações, atingiram aproximadamente 83,01% dos afetados por desastres ambientais no Brasil.
83,01% DOS AFETADOS
por desastres ambientais no Brasil sofreram com eventos que são recorrentes em baixadas brasileiras.
Por fim, destaca-se o impacto desproporcional dos desastres nas comunidades das Baixadas. Estas áreas, caracterizadas por urbanização informal e carência de serviços públicos, como drenagem e saneamento básico, sofrem mais intensamente com os efeitos dos eventos climáticos extremos. As comunidades locais são frequentemente deixadas à margem de políticas públicas, apesar de apresentarem os maiores índices de vulnerabilidade. A priorização destas áreas deve ser considerada uma questão de justiça climática e social.
Os dados analisados revelam uma realidade alarmante, na qual o Brasil enfrenta um aumento significativo nos desastres climáticos e ambientais, afetando milhões de pessoas e exacerbando desigualdades históricas. O enfrentamento deste desafio requer investimentos em infraestrutura resiliente, políticas públicas robustas e esforços coordenados para mitigar os impactos das mudanças climáticas. A escolha de Belém como sede da COP 30 não apenas reflete a relevância da Amazônia no contexto climático global, mas também oferece uma oportunidade de direcionar recursos e atenção para enfrentar os desafios enfrentados pela cidade e sua população. A priorização das áreas mais vulneráveis, como as Baixadas, deve ser central em qualquer estratégia de adaptação climática, garantindo que nenhuma comunidade seja deixada para trás no processo de construção de um futuro sustentável.