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DESASTRES AMBIENTAIS NO BRASIL: Uma Análise de 1991 a 2023

Foto do escritor: Observatório das BaixadasObservatório das Baixadas

Atualizado: há 5 dias

Artigo por Andrew Leal e Waleska Queiroz, 2024


RESUMO


O Brasil enfrenta uma realidade cada vez mais preocupante em relação aos desastres ambientais e climáticos. A combinação de fatores naturais e intervenções humanas tem gerado uma multiplicidade de eventos extremos, impactando profundamente as comunidades, especialmente as que vivem em áreas vulneráveis, como as baixadas urbanas. Este artigo traz uma análise abrangente dos principais tipos de desastres registrados no país entre 1991 e 2023, fundamentada em dados oficiais e gráficos que ilustram a evolução desses eventos ao longo dos anos.


 

TIPOS DE DESASTRES AMBIENTAIS NO BRASIL


A Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) agrupa os desastres ambientais em algumas categorias, sendo as quatro categorias principais: geológicos, climatológicos, hidrológicos e meteorológicos. Essa classificação orienta políticas públicas conforme as características de cada evento.


Tipologias de desastres
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Tipos de desastres no Brasil entre 1991 e 2023
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Os desastres ambientais no Brasil são classificados em quatro categorias principais: geológicos, climatológicos, hidrológicos e meteorológicos. Os desastres geológicos envolvem fenômenos como terremotos, vulcanismos e movimentos de massa, como deslizamentos e erosões, sendo estes últimos os mais comuns no país, especialmente em áreas urbanas densas e encostas. Os desastres climatológicos incluem secas, estiagens prolongadas, incêndios florestais e ondas de calor ou frio, com destaque para as secas e estiagens, que entre 1991 e 2023 representaram 45,67% dos registros, agravadas pelo desmatamento e pela expansão agrícola, principalmente no Nordeste e na Amazônia. Os desastres hidrológicos são responsáveis pelas maiores perdas humanas e materiais, incluindo chuvas intensas, enchentes, inundações e enxurradas, representando cerca de 33,47% dos desastres no país, com aumento significativo após 2010 devido às chuvas extremas e à falta de infraestrutura urbana adequada. Já os desastres meteorológicos, embora menos frequentes, causam grandes danos em áreas urbanas e incluem vendavais, ciclones, tornados e tempestades de granizo, sendo mais comuns nas regiões Sul e Sudeste, com tornados ocorrendo esporadicamente.


EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS DESASTRES


A análise temporal, representada pelo Gráfico 2, revela que, a partir da década de 2010, houve um aumento expressivo na frequência dos desastres ambientais no Brasil. As chuvas intensas, em particular, demonstram um crescimento alarmante, coincidindo com mudanças significativas nos padrões meteorológicos globais. As secas, por sua vez, já mostravam tendência de aumento desde os anos 2000, resultado de variabilidades climáticas e degradação ambiental.

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IMPACTO HUMANO E VULNERABILIDADES


O Gráfico 3 evidencia que o número de pessoas afetadas cresceu exponencialmente a partir de 2005, mantendo-se elevado até 2023, quando 23 milhões de brasileiros foram atingidos por algum tipo de desastre natural. As populações mais vulneráveis, especialmente aquelas que vivem em áreas de baixada e periferias urbanas, sofrem desproporcionalmente com os impactos. O Mapa 3 reforça essa realidade ao destacar a concentração de risco hidrológico em municípios densamente povoados e com infraestrutura precária.


EMISSÕES CO₂ e MUDANÇAS DE USO DO SOLO


As queimadas e o desmatamento são responsáveis por colocar o Brasil entre os maiores emissores globais de CO₂. Conforme o Gráfico 4, as emissões anuais derivadas de mudanças no uso do solo aumentaram drasticamente nas últimas décadas, alimentadas pelo avanço da fronteira agrícola e pela produção de commodities para exportação. A seca de 2023/2024, considerada a mais severa da história recente, evidencia a relação direta entre degradação ambiental e vulnerabilidade climática.


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MUNICÍPIOS MAIS AFETADOS


O Gráfico 5 destaca os 50 municípios brasileiros com mais registros de desastres entre 1991 e 2023, com destaque para Campo Grande (MS), Belém (PA) e São Paulo (SP). Essas cidades enfrentam uma combinação de vulnerabilidades naturais e sociais que as tornam especialmente suscetíveis a eventos extremos, reforçando a necessidade de políticas públicas focadas na adaptação e mitigação dos impactos.


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AS BAIXADAS


As baixadas urbanas são territórios particularmente vulneráveis devido às suas características geográficas e socioambientais. Segundo o conceito amplamente aceito, as baixadas são áreas de terrenos baixos e alagáveis, situadas em regiões de baixa elevação em relação aos pontos de drenagem, tornando-se altamente suscetíveis a inundações, enxurradas e movimentos de massa. Historicamente, essas áreas foram ocupadas por populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, enfrentando déficits significativos de infraestrutura urbana e saneamento básico.


A predominância dos desastres hidrológicos no Brasil está intimamente ligada às características das baixadas. As inundações e enxurradas ocorrem com maior frequência nessas áreas devido à falta de sistemas de drenagem adequados e ao assoreamento dos cursos d'água. Além disso, o avanço desordenado da ocupação urbana em terrenos alagadiços agrava ainda mais os riscos e amplia as consequências dos desastres.


Priorizar as baixadas não é uma opção, mas uma necessidade urgente frente às catástrofes que se agravam a cada ano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intensificação dos desastres ambientais no Brasil reflete um cenário global de mudanças climáticas que demanda ação coordenada e urgente por parte do poder público e da sociedade civil. A ausência de infraestrutura resiliente e o descaso com políticas ambientais aumentam o sofrimento humano e as perdas materiais. Para enfrentar esse contexto, é fundamental investir em soluções baseadas na natureza, adaptação climática e proteção das áreas de baixada, que concentram as populações mais vulneráveis.


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